Método MESERI
O Método Simplificado de Evaluación del Riesgo de Incendio (MESERI) foi desenvolvido pela Fundacion MAPFRE Estudios, em 1978, voltado para a análise de risco de incêndio em edificações industriais de baixo e médio risco, com características construtivas homogêneas. (MAPFRE, 1998)
Assim como no caso dos métodos Gretener e FRAME, o MESERI possibilita uma avaliação por ‘esquema de pontos’ que se baseia na consideração de diversos aspectos geradores, agravantes ou atenuantes do risco de incêndio, para determinar o risco geral para a edificação.
Por se tratar de um método simplificado, os níveis de pontuação são empíricos e dependem muito da experiência do avaliador, de seu conhecimento sobre os sistemas de prevenção contra incêndio e dos processos industriais realizados na edificação.
Este site oferece uma Tabela com as informações organizadas de forma a facilitar a aplicação do Método FRAME. Acesse Tabela 22: Cálculo do Método MESERI.
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Quanto à aplicação do Método MESERI
A aplicação do Método MESERI consiste em uma inspeção visual sistemática da edificação, na qual os fatores são valorados conforme pontuações pré-estabelecidas para cada situação. A avaliação observa seis fatores que podem gerar ou agravar um incêndio (fator de construção, de situação, de processo ou atividade, de destruição, de propagação e de concentração de valor) e dois fatores que podem reduzir ou atenuar as consequências (fator de destrutibilidade e fator de proteção). Os valores são atribuídos conforme as respectivas tabelas consultivas e, quando a característica for mista, deve-se adotar um valor intermediário.
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1) Análise dos fatores geradores ou agravantes
São os fatores existentes na edificação, devido à suas características construtivas ou à atividade desenvolvida no local, que podem contribuir para o início ou o desenvolvimento de um incêndio.
a) Fatores de construção
Os fatores de construção tratam da estrutura da edificação e os materiais utilizados na construção. São quatro os subfatores considerados:
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- Nº de andares ou altura da edificação
Quanto maior for a altura do edifício, mais fácil será a propagação vertical do incêndio e mais difícil será para controlar ou extinguir o fogo. A altura da edificação é medida desde a face do piso do pavimento inferior (inclusive subsolos, se for o caso) até a parte superior da cobertura. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 1: altura da edificação. Em caso de se obter diferentes pontuações ao comparar o nº de andares com a altura em metros, deve-se adotar o menor valor de pontuação.
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- Compartimentação
Este fator implica que os elementos de compartimentação tenham TRRF mínimo de 240 minutos e que as portas tenham TRRF mínimo de 120 minutos, assim como as vedações de janelas, tubulação, shafts, etc. que atravessem os elementos de compartimentação. Do contrário, deve-se considerar que não existe compartimentação, e analisar a área toda como um único cômodo. Quanto maior for o tamanho do cômodo sem compartimentação, maior também será a facilidade de propagação do incêndio dentro dele. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 2: superfície do maior cômodo.
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- Resistência ao fogo dos elementos construtivos
Este fator trata exclusivamente dos elementos construtivos de sustentação da estrutura da edificação, a característica mais importante é a estabilidade mecânica destas estruturas em situação de incêndio. As proteções das estruturas (pinturas intumescentes, revestimentos isolantes, etc.) devem protegê-las inteiramente para serem consideradas válidas. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 3: resistência ao fogo dos elementos construtivos. Como referência, podem, ainda, ser utilizados os valores estabelecidos no apêndice 1 na NBE CPI/96.
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- Falsos pisos e tetos
Os pisos e tetos falsos propiciam um acúmulo de resíduos, dificultam a detecção imediata do incêndio, atrapalham a correta distribuição dos agentes extintores e permitem a movimentação descontrolada de fumaça. Este método penaliza a existência destes elementos, independente da sua composição, formato ou acabamento. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 4: falsos pisos e tetos.
b) Fatores de situação
Os fatores de situação tratam sobre como os bombeiros podem acessar a edificação em caso de incêndio e quanto tempo leva para esta intervenção. São dois os subfatores considerados:
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- Distância dos bombeiros
Este fator analisa a distância e o tempo de deslocamento do quartel do corpo de bombeiros mais próximo até o local da edificação. Só podem ser considerados os quartéis com equipes disponíveis 24 horas por dia e 7 dias por semana. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 5: distância do quartel dos bombeiros. Em caso de se obter diferentes pontuações entre a distância e o tempo de deslocamento, deve-se adotar o menor valor de pontuação.
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- Acessibilidade da edificação
Trata das características que interferem no acesso para realizar o combate ao incêndio ou outra situação que exija a entrada dos bombeiros. Os elementos que facilitam são portas, janelas, lacunas em fachadas, claraboias nos telhados, etc. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 6: acessibilidade da edificação.
c) Fatores de processo ou atividade
Os fatores de processo ou atividade tratam dos riscos relacionados com a atividade desenvolvida no cômodo e os materiais comumente armazenados devido à atividade. São cinco os subfatores considerados.
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- Perigo de ativação
Este fator avalia a existência e o tipo de fontes de ignição presentes no cômodo. Os valores são atribuídos conforme disposto a Tabela 7: perigo de ativação.
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- Carga incêndio
Este fator avalia a quantidade de calor por unidade de superfície que pode ser produzida se houver a combustão completa dos materiais existentes no cômodo. Para esta avaliação são considerados tanto os materiais armazenados no cômodo quanto os elementos de construção e acabamento do mesmo. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 8: carga incêndio.
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- Inflamabilidade dos combustíveis
Este fator analisa a periculosidade de ignição dos combustíveis presentes no cômodo devido à atividade realizada neste. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 9: inflamabilidade dos combustíveis.
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- Organização, limpeza e manutenção
Este fator analisa a organização e limpeza das instalações, bem como a existência de pessoal especializado e plano de manutenção periódica das instalações de serviço e de proteção contra incêndio. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 10: organização, limpeza e manutenção.
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- Armazenamento em altura
O método parte do princípio de que a existência de materiais armazenados a mais de 2 metros de altura aumenta o risco de incêndio (aumento da carga incêndio, maior facilidade de propagação, maior dificuldade de combater o fogo. Sendo assim, este fator analisa a existência ou não de materiais armazenados a uma altura superior a 2 metros, sem levar em conta a natureza do material. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 11: altura de armazenamento.
d) Fatores de valor econômico
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- Concentração de valores
Este fator analisa o valor da perda econômica ocasionada por um incêndio, incluindo a própria edificação, o seu conteúdo, os meios de produção, instalações de serviço, etc. e não são consideradas as consequências das perdas ou dos benefícios. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 12: concentração de valores.
e) Fatores de destruição
Os fatores de destruição tratam das causas e consequências da destruição de bens por um incêndio. São quatro os subfatores considerados.
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- Destruição pelo calor
Este fator analisa o grau de destruição que pode ser causado por um incêndio, dependendo do material armazenado no cômodo. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 13: destruição pelo calor.
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- Destruição pela fumaça
Este fator analisa o grau de destruição ou perda de qualidade por efeito da fumaça. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 14: destruição pela fumaça.
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- Destruição pela corrosão
Este fator analisa o grau de destruição causado pela liberação de gases corrosivos (ácido clorídrico ou ácido sulfúrico) provocada pela queima do material combustível em um incêndio. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 15: destruição pela corrosão.
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- Destruição pela água
Este fator analisa o grau de destruição causado pela água utilizada no combate ao incêndio. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 16: destruição pela água.
f) Fatores de propagação
Os fatores de propagação tratam da quantidade e da disposição dos materiais armazenados no interior do cômodo. Este fator não leva em conta a velocidade de propagação das chamas nem a velocidade de combustão dos materiais. São dois os subfatores considerados.
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- Propagação horizontal
Este fator analisa a disposição dos equipamentos e do material armazenado horizontalmente no cômodo. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 17: propagação horizontal.
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- Propagação vertical
Este fator analisa a disposição dos equipamentos e do material armazenado verticalmente no cômodo. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 18: propagação vertical.
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2) Análise dos fatores atenuantes e protetores
São os fatores existentes na edificação que podem impedir ou retardar o desenvolvimento do incêndio ou limitar a extensão dos danos causados pelo mesmo. Neste caso, a pontuação é atribuída se o fator correspondente estiver presente, for projetado adequadamente e tiver sua manutenção garantida.
a) Instalações de proteção contra incêndio
Este fator trata dos sistemas de prevenção e combate a incêndio existentes na edificação. São cinco os subfatores considerados:
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- Detecção automática
Trata da presença de detecção automática em toda a edificação. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 19: detecção automática e chuveiros automáticos.
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- Chuveiros automáticos
Trata da presença de chuveiros automáticos em toda a edificação. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 19: detecção automática e chuveiros automáticos.
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- Extintores portáteis
Trata da presença de extintores portáteis adequados às classes de combustível previstas, localizados e sinalizados corretamente. Também se recomenda a comprovação de que existem aparelhos para reposição, na proporção de 1 para cada 20. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 20: extintores portáteis, hidrantes e plano de emergência.
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- Hidrantes de parede
Trata da presença de hidrantes de parede no interior da edificação dimensionados de forma a garantir a cobertura de qualquer ponto da edificação, com pressão e vazão necessários para realizar o combate ao incêndio. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 20: extintores portáteis, hidrantes e plano de emergência.
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- Hidrantes de urbanos
Trata da presença de hidrantes urbanos no exterior da edificação que garantam o fornecimento de água à pressão e vazão adequados para utilização no combate ao incêndio, bem como a existência de acessórios como chaves de manobra, divisores, mangueiras e esguichos. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 20: extintores portáteis, hidrantes e plano de emergência.
b) Organização da proteção contra incêndio
Este fator trata dos meios auxiliares de intervenção contra incêndio previstos para serem executados pelos ocupantes. São dois os subfatores considerados:
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- Brigada de incêndio
Trata da presença de equipes para a realização de primeira e segunda intervenção. Para que se considere a pontuação deste subfator é preciso obedecer às três seguintes condições: 1) os integrantes das equipes devem ter formação teórico-prática periódica e estar nominalmente designado como integrante do grupo; 2) o grupo deve agir em todos os turnos e áreas da empresa; 3) deverá existir material de combate a incêndio adequadamente dimensionado, posicionado e manutenido. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 21: brigada de incêndio e plano de emergência.
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- Plano de emergência
Trata da existência ou não de um plano de autoproteção ou de emergência, que preveja as ações a serem tomadas em caso de incêndio. Os valores são atribuídos conforme disposto na Tabela 20: extintores portáteis, hidrantes e plano de emergência.
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3) Cálculo do Risco de Incêndio
Ao final da avaliação, a pontuação é calculada de acordo com a seguinte equação:
$$R=\left(\frac{5}{129}\times X\right)+\left(\frac{5}{30}\times Y\right)$$
Onde:
X = é a soma da pontuação dos fatores geradores ou agravantes de risco de incêndio
Y = é a soma da pontuação dos fatores redutores de risco e de proteção da edificação
R = valor resultante do risco de incêndio
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Edificações cuja resultante do risco de incêndio (R) seja menor que 3 são consideradas com ‘risco muito ruim’, valores entre 3 e 5 são consideradas de ‘risco ruim’, valores entre 5 e 8 são consideradas de ‘risco bom’ e valores superiores a 8 são consideradas com ‘risco muito bom’.
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Referências
MAPFRE, Fundación. Método Simplificado de Evaluación del Riesgo de Incendio (MESERI) [Periódico] // Análisis. – Madrid/ES : Instituto de Seguridad Social, 1998. – Vol. GR 64. – pp. 17-29.
UC, Universidade de Coimbra. Evaluación de Riesgos de Incendio: Método MESERI // Curso Básico. Manual de Autoproteção. Material didático da disciplina de Modelação de Evacuação e Risco de Incêndio do Curso de Doutoramento em Engenharia de Segurança ao Incêndio. Coimbra/PT : [s.n.], 2019.
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Minervino, Bernardete. Disponível em analisederiscodeincendio.com.br/metodos/metodo-meseri/
Disponibilizado no dia 09-fevereiro-2020.
Atualizado em janeiro de 2025.